sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sua natureza





No desejo percorria teu ventre com loucura
Teu corpo descobria e nas quimeras tentas
A boca insana se perdia nas curvas impuras
Recoberta de laca, ardor que me atormenta

A doce perdição entre teus encantos apura
Na carne a incandescência que nos orienta
E somos vorazes buscando o mito purpura
Nos consumindo onde os limites arrebenta

No ritual sincronizado, onde a fome  acura
Trêmula nas águas efémeras,mas aferventa
Com a face iluminada, carne lasciva e pura

Onde todo o espaço se preenchia e alimenta  
A quimera e prazer entregando-se a loucura
Sua natureza ígnea*, saborosa que desorienta!


*Ígnea=. Que tem fogo ou é de fogo; ardente



terça-feira, 16 de agosto de 2011

Aves das quimeras




Te busco nas manhãs plenas
Retiro feridas, no vôo casto
Além do verde,as cantilenas*
No sopro do poema é vasto

Assim é morte mas ressurge
Sol do ventre,  mas efémero
Canto alto, na quimera urge 
Austero,belo na carne lidero 

Aves brancas sobre sua laca
Eram tantas, mas te conduzia
Nas quimeras a fome aplaca
Teu corpo a chama que luzia

Nessas garras da ilusão dividia
Entre águas das intímas carnes
Na plumagem molhada incidia 
Sangue e visgo, o fogo incarne

Mas nossos corpos devorando 
Pois conduzia com visgo a vida
Ritual das gargantas desejando
O ruido tosco da água atrevida

Deitado de leve sobre o cântaro
Assim todo o vasto se preenchia
Atraia aves das quimeras, o raro
Face da deidade, o prazer enchia

E sendo uma só, porém multipla
É água e fogo, sempre nus orienta
Na única quimera, que contempla
Que é morte, que a vida contenta

 *Cantilenas-  Canto das aves.