No mais fundo de ti
O breve teu corpo tomas
Mas é ouro, fome e ilusão
Saga de bronze e aromas
Que é efêmero e transforma
Chagas no mito e deforma
E o sol na face retoma
Com aves que não são sombras
De quando o amor era chama
Senti ! Num sopro as perdi
Agonia o gozo exclama
Guia-me nesse instante
Um existir delirante
Que não perca e proclama
O único centro vereis
Como terra te faço
Onde se mantém eleita
Densa, tenra e refaço
A ilusão onde ti esta
No mais intímo, a aresta
Da carne é canto é laço
Na ilusão que rodeia
O que vos digo e anseia
Pelo silêncio que pesa
No amor se fez e permeia
Por onde tu me conduz
Onde teu ouro transluz
Alegra-te assim e passeia
Nas quimeras da carne
O poeta não é só angustia
Mas antes de mim em vós
Essa ilusão já existia
Do ouro, águas e mito
Com o efêmero admito
O prazer que tu consentia