terça-feira, 16 de agosto de 2011

Aves das quimeras




Te busco nas manhãs plenas
Retiro feridas, no vôo casto
Além do verde,as cantilenas*
No sopro do poema é vasto

Assim é morte mas ressurge
Sol do ventre,  mas efémero
Canto alto, na quimera urge 
Austero,belo na carne lidero 

Aves brancas sobre sua laca
Eram tantas, mas te conduzia
Nas quimeras a fome aplaca
Teu corpo a chama que luzia

Nessas garras da ilusão dividia
Entre águas das intímas carnes
Na plumagem molhada incidia 
Sangue e visgo, o fogo incarne

Mas nossos corpos devorando 
Pois conduzia com visgo a vida
Ritual das gargantas desejando
O ruido tosco da água atrevida

Deitado de leve sobre o cântaro
Assim todo o vasto se preenchia
Atraia aves das quimeras, o raro
Face da deidade, o prazer enchia

E sendo uma só, porém multipla
É água e fogo, sempre nus orienta
Na única quimera, que contempla
Que é morte, que a vida contenta

 *Cantilenas-  Canto das aves.



4 comentários:

  1. Não tem como dizer o quanto ficou belo, perfeição seria a palavra...muito bom te ler também por aqui, beijos!

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  2. Quando eu crescer quero escrever assim! Muito bom! E depois diz que não és poeta! Poeta, poeta, poeta! Com P maiúsculo! Bjs!!!

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  3. Simplesmente maravilhoso! Adoro te ler. http://rose-sousacoracaodefera.blogspot.com/

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  4. Maravilhoso! Demais!
    Faz tempo, não vinha aqui e vejo esse belo poema, é um presente...
    Abraços da Mery.

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