segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Ao vento




Mas em ti ainda vivo
Até onde me estendo?
Asa , chama e sobrevivo
Lívido! E absorvendo

Envolto nas tuas asas
Um dia hei de pousar
Estendo-me em brasas
Raiz lívida, sem ousar

Ares de um tem perdido
Em asas se colocaram
No tempo esquecido
Na memoria marcaram

O que um dia eu pretendi
E te fiz terra,  toda terra
Mas era sal, e compreendi
E ao vento uma alma berra

domingo, 29 de julho de 2012





Quem tu és?

Mas quem tu és?  Por ti vago no insano.
   Sou  chama brasa, lava, cinza e o nada
   Se faz  fome, liberdade, doce e profano
   És cintilância, e assim sempre alucinada

Me leva as alturas , nunca um cotidiano
   E busco teu canto, na carne aprisionada
   Surdo a teus anseios e me faço humano
   Com teu visgo e saliva, nunca eliminada

Desejo! Te faço  carne e osso, mundano
   Tomo-te! Sem descanso, a carne ornada
   Pelas lidas,  e te fiz penhasco, sem dano
   Sem outros  rastros, a tua face iluminada

Cheia de malicia, com beleza e extasiada .
   Escorrendo com o gozo, que se faz nada

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Desejo versatíl




No desejo  versátil
Descubro tuas curvas
Pele de porcelana
Entre coxas absorva
Descubro os sabores
Flores, êxtase e odores
Mas em ti a ilusão sorvas

Que entre murmúrios
Tua lingua aguda é brasa
Na fome nos consome
Toda a pureza arrasa
Da alma és incenso
No instante intenso
Que a carne sempre abrasa

Esparramando teu mel
Mas sinto-te trêmula
Quebrando limites
Nos  gemidos a flâmula
Nesse mesmo instante
Manóbra delirante
Tomo-te na súmula

Onde floresce a vida
Desejo, prazer e força
Com espinhos coroada
Pureza da vida e torça
Os valores mesquinhos
Dessa carne e me aninho
Faminto, assim reforça

Morte e renascimento
Com o trêmulo no vasto
O gozo, sacio teu ventre
Primitivo, não é casto
Entre flores abençoadas
A carne entrelaçada
Fome e lírios incastos




  


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Tu não sentes






TU NÃO SENTES!

Tu não sentes!  Tu tornou-me inferno
Pallhas e uma rocha se fazia evidente
Entre escombros e mágoas, o eterno
Silêncio, unguento vivo do penitente 

Mas tu nasceste comigo,e consterno
Densa, intensa e me faz descontente
És furiosa,delicada mas me faz terno
Tempo- morte e revela-se sorridente

Mas  transforma-se, me faz superno
Quando procuro-te, e sou descrente
Sou poeta , sem garras e te proterno

Tua matiz, passo de luz onde alterno
O negro da alma,mas tu me ressente
A caça do nada, na rocha meu averno

Ricardo Vichinsky




quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

No mais fundo





No mais fundo de ti
O breve teu corpo tomas
Mas é ouro, fome e ilusão
Saga de bronze e aromas
Que é efêmero e transforma
Chagas no mito e deforma
E o sol na face retoma

Com aves que não são sombras
De quando o amor era chama
Senti !  Num sopro as perdi
Agonia o gozo exclama
Guia-me nesse instante
Um existir delirante
Que não perca e proclama

O único centro vereis
Como terra te faço 
Onde se mantém eleita
Densa, tenra e refaço
A ilusão onde ti esta 
No mais intímo, a aresta
Da carne é canto é laço

Na ilusão que rodeia
O que vos digo e anseia
Pelo silêncio que pesa 
No amor se fez e permeia
Por onde tu me conduz
Onde teu ouro transluz
Alegra-te assim e passeia

Nas quimeras da carne
O poeta não é só angustia
Mas antes de mim em vós
Essa ilusão já existia
Do ouro, águas e mito
Com o efêmero admito
O prazer que tu consentia



terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Tempo secreto




Sendo tu calor, ilusão, contigo me completo
Em ti me uno a única fonte,  me dessedento
Me aplaco, vertendo quimeras, mas repleto
Intenso,crio o amor, feneço, mas reinvento 

Porque tua flor também fenece, belo dueto
Que num sopro nos consome,no tormento
Pois antes desse desejo morrer incompleto
Na bela visão de ti,eu anoiteço e fragmento

Esse desejo, pois faço de ti terra, e inquieto
Dou-te a semente,no tempo me desoriento
Livra-nos desse julgo inpertinente e secreto
E te guardo no tempo secreto, mas sedento

Talvez onde outros te guardarão e pretendo
Libertar as quimeras que vão nos absorvendo