sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Quimera do poeta


O que me guia é a quimera do poeta
Há muitos entre nós,  além da alma
Nossos iguais que nas asas clama
São frágeis limpidos e assim liberta

Apesar da eloquência que mantinha
Uma flor que fecundava nas brumas
Na solidão um sudário das chamas
Humana temendo, na treva abstinha

Um tempo incerto tecendo a criatura
Mal sabe que renasce a flor na rama
Assim o verso recomeça e aproxima
Humildade e abandono na obscura

Maneira insana de existir, mas sigela
Sábia e estranha lavra que se fez bela


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Ilusão da identidade





Talvez seja apenas um sonho
Apenas a criatura um ninguém
A imagem refletida de alguém  
Sigiloso que o pranto imponho 

Desejo extremo e desmedido
Clandestino assim castiguem
O denso que na vida divagem 
Na carne a sombra, o perdido

E seja a soberba que afronta
O mito inalcançável e julguem
Sentir morto e assim obriguem 
Aspirar o infinto que confronta

Esse intimo e indefinido sonho
Ilusão da indentidade componho   


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Águas do desejo



É licíto dizer que as águas do desejo
Que esparrama e se mistura contigo
Na extensa agonia que não é castigo
E não compreende e no mito mitigo

Canção e liberdade que vai encantar
E fingindo altivez, na riqueza te digo
Nas quimeras dos sóis que não litigo
E no ventre há o sol maior a clamar

E deito-me e a carne atiço contigo
Na eloquência a boca dos prazeres
Que  canta sem quaisquer dizeres
É movediça e lunada onde instigo

A era que enraiza, domina e aceita
Esse ciúme venenoso que espreita


Caminho invertido


Porque o tempo nos consome?
Imagine se um caminho invertido
Com o inicio do caminho no fim
E já surgindo aqui, experiente

Muito sábio com carne marcada
Na bagagem na alma tua história
Valorizando tudo que for simples
Sem dor ou melnacolia na vida

E os nossos primeiros anos
Seriam doces, sem anciedade
Frágil, acreditando no amor 
No companheirismo e afeto

Por já termos essa bagagem 
Da meia idade até a mocidade
As pessoas teriam mais valor
Viveriamos de forma as alegrias

Sem anciedade ou dúvidas
Em descobrir coisas novas
Sorveriamos apenas a vida
Cada gota sem nenhum erro

Com o último trecho caminho
Teriamos o riso e a inocência
Da criança, com a experência
Um usufruir pleno da condição

Aos pouco retornando, sem dor
Até cumprimos toda a jornada
E o fim chegaria com a beleza
Do amor na explosão do prazer


Pleno e impuro


Nessa chama que tudo deseja
A  flor onde rasteja e espreita
Alma levita,a carne se deleita 
Nas águas onde a luz verseja

Um furor branco mas impuro
Do sumo canto na ilusão feita
Manto do mito da luz suspeita
Assim clamando seu tesouro

A carne colada na desordem
Nesse arco-iris a canção eleita
Que ama e crucica, não rejeita
Para que no mito transbordem  

Ao teu lado inocente e misturo
O Indescente é pleno e impuro

  

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Onde me perdi



Sempre quis saber onde me perdi
Talvez com a inocência esquecida
Com o castigo da tua carne proibida
Nessa quimera o desejo que urdi

Me perdi com a voz onde sonho 
Com o regresso da ode esquecida
E recriando a lenda da fada ácida
As portas do ilidiu onde componho

Flores douradas cheias de espanto
Diante de risos a alma adormecida
Esquecendo a canção apodrecida
Sussuro secreto, loucura e pranto

Do acaso cheio de mágoa e aflição
No destino que perdi essa canção



Muros de vento



Haverá nisso algum equívoco ?
Não é matéria, ilusão translúcida
Entre as brumas palavra ácida
Com o pranto a imagem invoco

E mesmo sabendo do castigo
Desço no teu caminho, e ainda
Insisto na ode breve da partida
Criando na vaidade um inimigo

Desejo outro destino pra mim
Nos portais com a alma banida
Com tormentos, sente a ferida
E essa alma se perdeu, enfim

Aprisionada nos muros de vento 
Retina ferida no vôo do lamento 



quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O mito consumindo



Entre tuas curvas a porcelana
Umedecida, nas coxas passeio 
Por tua flor esse sabor anseio
Com murmúrios a lingua insana

Lago de visgo a chama acende
Êxtase, carne trêmula, teu seio 
Nesses delírios, tomo-te alheio 
Intenso desejo, onde aprende

Com a vida a fome seu véu
E o mito renasce quando ateio 
Fogo do gozo, assim permeio
A alma, o pecado leva ao céu

Quimera efémera te sorvendo
Nas chamas o mito consumindo




domingo, 13 de fevereiro de 2011

Pureza iludida



No caminho muito pedi
Ilusão, talvez sem nada 
Saiba, sempre me perdi
Uma alma confundida 

Brumas, vozes perdidas
Regresso impossivel
Entre fábulas e fadas
Céu, mundo perecivel

Nas quimeras douradas
Espanto dessa fala
Delirantes risadas
Palavra não se cala

Aflição, alma magoada
No segredos de amantes
Uma flor viva e calada
Impura e incostante

Em outra investida
Não teria escolhido
Idiliu na flor perdida
Nos rituas acolhidos

Nesse sonho que vivo
Lembranças merecidas
No sigilo convivo
Com a canção esquecida

Deixo um testamento 
Na poesia concebida
Entre ilusão e tomento
Tua  boca esquecida

Com ruidos inquietantes
Máscaras enlouquecidas
Sorrisos  murmurantes
E que não seja ouvida

Sempre a voz desse poeta
Com todos  versos ainda
A chaga estará aberta
Na  pureza iludida


A rama




Loucamente amei a criatura
Rama frágil, regresso da vida
E guiava na canção comovida 
Vozes com ilusão da ternura

Pacto da inocência é impura 
Heroismo,  estende na face
Com sorriso franzino, enlace
Canção decadência e loucura

Na flor do acaso fui cumplice
Recrio o destino, busco a cura 
Uma vigilia inútil, rude e impura
Terrivel engano, face dúplice

Na punição da carne na trama
Parte de ti ou de mim a rama


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Liberto na loucura



Onde há muito o que interpretar
No  peso dos fardos, a certeza
Que na verdade, existe  beleza
Punindo e engando, a arrebatar

A procura da rosa, no caminhar
Mas causo em todos estranheza
Meu jeito é insano com aspereza
Um ser que não é puro a sonhar

Tenho um não sei quê de brisa 
Onde vago irei gritar na tristeza
Um altar de mármore, a leveza
No temor do andar, a alma irisa

Desatento a memória da morte
Secreto,liberto na loucura, sorte


domingo, 6 de fevereiro de 2011

No afago


Nesse tempo, contemplo 
Verso que nele desfiz
Comoção, desejo amplo
Na irá a beleza, refiz 

Meus olhos inundados 
Com um sentir estranho
O canto dilacerado 
Meus divinos sonhos

Refiz ,algo sem nome
Do nascimento, a morte 
Nesse martírio, a fome
Que nessa dor conforte

Peito vazio nas horas
De esquecer os poemas
Sem cuidados, agora
Vagando sem algemas

Vou criar esse amar
Que cativando se faz
No divino vou clamar
Esse, no afago sefaz


Pecado e cetim



Minh'alma com chagas e segredos
Vagando nesse ilidiu, morte ou vida
Palavras duras, tosca,enlouquecida
Auroras com jasmim, meus medos        

Que continuam sempre desafiando
Tentando sorrir, no áspero caminho
Vidraças do tempo, ilusão e sonho
Desgraçada comoção, concluindo

Uma negação de muitas máscaras
Quimeras, que esquece caminhos
Cinismo, escárnio, e vago sozinho 
Sem sentido algum, ressussitará

Alma no topo de torres de marfim
No paraiso com pecados e cetim 



terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Não fico com ela


Como caminha aquela
Quer inventar um amor
Mas como? Se é donzela
Por ela invento o fulgor

Ainda bem que ela é bela
E melhor ao anoitecer
Que assim canto com ela
Mas tudo vai acontecer ?

Como? Se ela é donzela!
E se na casa trancada
Eu dou um jeito nela
Vou com ela pela janela

Que apresento o mundo a ela
Ode, no olhar malícia
Vou encantar a donzela
Desejos e carícias

Assim eu fico com ela
E  tudo mais floreça
E deixará de ser donzela
Mas grinalda esqueça!



Encantos e mitos



Descobrindo a vida
Antes que se desfaça
Na tua carne suada
Antes que esmoreça
Entre tuas coxas 
Saciando a fome 
Percorro-te
Com a boca úmida 
Enfurecida,recobrindo 
A pele esmaltada
De saliva,descobrindo
Teus segredos 
Entre arrepios e gemidos
Seios, ventre e ilharga
Lingua em brasa
Intensa,enlouquecida
Nos consumindo
De forma brusca
Tosca, carinhosa
Tomo-te agora
Palavra toscas
Saciando a fome 
Do ventre, do dentro
Um começo sem fim
No efémero mito
Poses, pelos e apelos
Visgo e desejo
Nas trilhas do gozo
Com a trêmula carne
Nesse mundo de 
Encantos e mitos



Esse nada



Esse nada conosco é falsário
Em tudo,  até a morte, mente 
Jurando sempre eternamente
O manto de ilusão necessário  

No vicio saboroso, contrário
Nos faz acreditar no tesouro
Mas somos tolos, não é ouro
Na falta, o sentir involuntário

Miséravel, cheio de lamento
Nos endurece, o mal agouro
Mas que não seja duradouro 
E volte na ilusão do encanto

Do nada, pulsante sensação
Nas doces e ilicítas emoções




Me procure ali



Jamais me procure ali, onde se crê
Estar vivo,  arrastando as carcaças
Com o vazio rompendo as couraças
Fazendo dos sonhos um massacre  

Procure-me ali! Profundos oceanos 
Nas lágrimas, ou sorriso, na crença
Coração de fogo,  sem indiferença  
Na liberdade do vento, pelos anos

Sou o lobo, o cordeiro, ave e graça
A palha, o espinho, manto da ilusão   
No arroio, carne e desejo em fusão 
Espelho da ilusão o pecado abraça

Procure-me ali, travando o combate
Onde a ilusão no teu peito rebate